quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Análise de Quadros

Analise o quadro intitulado “A Primeira Missa no Brasil”: http://rceliamendonca.wordpress.com/tag/primeira-missa-no-brasil/
 
Aproveite para dar uma olhada nesta notícia: Primeira missa no Brasil, de Victor Meirelles, chega a Brasília para exposição - http://www.museus.gov.br/a-primeira-missa-no-brasil-de-victor-meirelles-chega-a-brasilia-para-exposicao/
 
 
 
Agora veja duas obras do modernista Cândido Portinari, que nos ajuda a questionar a perspectiva adotada:
 
A Primeira Missa no Brasil - http://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/01/primeiramissa_portinari.jpg . Veja ainda matéria publicada no site do IBRAM: http://www.museus.gov.br/tag/primeira-missa/
 
 
Agora, responda o questionamento: o que distingue as obras de Portinari das de Victor Meirelles e Oscar Pereira da Silva?

9 comentários:

  1. O quadro de Victor Meireles apresenta uma visão mais "grandiosa" da presença portuguesa em solos brasileiros. Os índios ficam ao redor dos portugueses como meros espectadores, sendo que os forasteiros e sua religião aparecem no centro da obra.
    Já as obras de Candido Portinari tem um olhar menos romântico da chegada dos portugueses, seja sem a presença dos índios, ou retratando a chegada dos portugueses pelo olhar dos índios. Notamos na obra “Descobrimento” índios observando a chegada das caravelas, muitos com olhares de medo, preocupação e inquietação.

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    1. Concordo com você, Samuel. Aliás, muito boa observação. Abraço.

      Eloyr Pacheco

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  2. Ao refletirmos estas três obras, notoriamente, colocamos em pauta a bilateralidade interpretativa, tendo em vista a Educação Patrimonial Conservadora e a Educação Progressiva. Uma notória do crescimento reflexivo quanto aos fatos. Bem, temos então dois momentos ímpares de observação: as obras de Portinari que retratam a colonização portuguesa em terras varonis com um olhar contemporâneo e moderno, enquanto nas obras de Victor Meirelles bem como ao de Oscar Pereira da Silva, temos a singularidade da retratação “fidedigna” da história quando em tempos oriundos, insistiam dizer que fomos descobertos pelos portugueses e que aquele povo “nu” e “arredio” recebia, aceitavam tal colonização. Diante a estes fatos, observamos que nas obras de Meirelles e Silva há a chegada dos portugueses assim retratadas, sendo celebrada uma missa, onde ao erguer uma cruz, impõem a religião católica, diga-se de passagem, que a Igreja Católica neste tempo, almeja novas terras não somente para o crescimento da fé, mas, sobretudo, a aquisição de um numerário financeiro para crescimento do “Poder”. Logo há a imposição e invasão de uma cultura da qual já havia sido descoberta por índios americanos. Isto ainda a relacionarmos ao antagonismo de receptividade dos primeiros moradores ao “aceitar” a imposição religiosa. Ora, será que não tinha seu próprio “Deus”? O catequismo seria fácil de empreende-lo? Hoje sabemos que não foi tão fácil assim! Em síntese, percebemos que nestas obras não há uma valorização cultural e sim apenas na notoriedade da soberania de um povo mesmo que haja tirania. Isto são as características próprias de uma Educação Patrimonial Conservadora, uma vez que houve imposição, integralização de uma única visão, busca incessante do relativo Poder, não respeitando a cultura existente, persuasão da verdade e enfim, a lembrança que esta fora a única verdade obrigatória no momento.
    Conquanto, ao analisarmos Portinari, neste cunho, percebemos que este retrata uma “Educação Progressista”, pois este “foge” das polêmicas culturais da integração cultural de grupos e retrata apenas em seus traços modernistas uma visão “além” literatura, mas, sobretudo, um aparte descobridor.
    Indubitavelmente, ao construirmos a história devemos preservá-la e mantermos o respeito ao mesmo e inclusive em algumas circunstâncias ao pautarmos o conservadorismo propriamente dito, transliterar que o principalmente papel do homem deve ser a construção de um mundo humano, acolhedor e que nas diversidades, constrói-se um mundo melhor.

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  3. Além do que foi mencionado a respeito da educação patrimonial conservadora creio que a grande diferenç a está na abordagem que eles fazem de um mesmo fato/evento.
    Apesar dos índios retratados por Meireles estarem mesclados na paisagem, surpresos eles estão ali, participando e sendo sujeito/atores ativos do processo.
    Já Portinari fez uma abordagem a partir da história dos “vencidos”, daqueles que dominavam. Podemos também falar que o Portinari aborda a história oficial e já Victor tem um olhar para a história social quando todos os sujeitos são retratados.

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  4. Bom dia.
    Confesso que para mim não é tarefa fácil realizar uma análise interpretativa das obras, sobretudo pelo fato de que minha formação não abrange História da Arte ou área correlata.
    Mas enfim, o que me chama a atenção e acredito que seja interessante abordar, é justamente a questão da trajetória histórica do conceito de Patrimônios, e essa questão vai ser retratada nas obras.
    Podemos perceber os elementos que são retratados pelos artistas a partir da perspectiva de história oficial, ou seja, o que realmente era importante retratar, dentro do contexto histórico, era o patrimônio elitista, o do dominador. Como podemos observar mais facilmente na obra de Portinari onde nem mesmo o índio é retratado, ou seja, esta cultura foi marginalizada do processo ali contextualizado.
    Já nas obras de Oscar Pereira e Victor Meirelles os índios estão presentes, porém ao redor, admirando a chegada, ou uma primeira prática religiosa do "dominador".
    O que eu tenho observado dentro do contexto de patrimônios no Brasil e no mundo, é que uma forma geral, os Estados e os indivíduos tem se preocupado mais com os contextos imateriais da cultura, de seus patrimônios. Assim, podemos observar, cada vez mais os retratos de uma cultura multipla, com diversas características e abordagens, e de certa forma, mesclada com outras que compõem o universo do patrimônio brasileiro.
    Grande abraço!

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  5. A compreensão e interpretação dos quadros nos possibilita profundas reflexões. Ambos os quadros, comunicam informações e trazem conteúdos significativos que representam a história de nossa nação e nos permite a ampliação de nosso olhar. A preservação da memória é importante, sim muito, é o respeito pelo que contribuiu para a construção da identidade nacional. No entanto, a disseminação, a exploração e apropriação desse conteúdo também são fundamentais. Existem vários olhares diante de uma mesma perspectiva, e que se insere as contradições, as diferenças, os esquecimentos, as inovações e as novas possibilidades... É o conservadorismo x Progressismos, o qual ambos são importantes e necessários para perpetuação da memória e para a disseminação da mesma e apropriação de significados.

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  6. Podemos dizer que os pintores Victor Meirelles e Oscar Pereira da Silva nos apresentam a “história oficial” e que Cândido Portinari é incomodativo, nos faz refletir. E, além disso, o ponto de vista é diferente: as duas primeiras obras nos colocam como observadores a partir de uma certa neutralidade, Portinari, nos coloca num plano diferente, embora “A primeira missa no Brasil” seja mais neutra tem uma paleta de cores mais pesada.

    Eloyr Pacheco

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  7. A tela de Victor Meirelles - intitulada “A primeira missa no Brasil” - e a de elaborada por Oscar Pereira Silva - “Desembarque de Cabral em Porto Seguro” - são obras que retrataram fatos ligados à chegada dos portugueses ao Brasil utilizando uma visão positivista do fato, ou seja, as pinturas reproduziram a visão dos lusitanos como superiores por serem evangelizadores, brancos e civilizados, enquanto os índios seriam gentios que precisavam ser dominados para o mundo do trabalho e para a cristandade.
    No primeiro quadro percebe-se que o encontro se deu de forma pacífica e o contato com a religião católica se processou de forma natural, seja devido a curiosidade dos índios com o ritual ou por causa de alguma negociação (troca de objetos, como escreve a carta de Pero Vaz de Caminha) eles participaram da celebração, iniciando assim o processo catequização e aculturação. A partir dos elementos colodos por Oscar Silva, em sua tela, é possível interpretar que a chegada dos portugueses provocou certa hostilidade e que em certa medida houve pavor entre os habitantes da América ao ver pessoas diferentes física e culturalmente chegando em suas terras. Esta versão do “descobrimento” justificou, após constatar a rebeldia dos indígenas, o processo civilizatório por meio embates contra as tribos que resistiam às tentativas de dominação.
    O quadro de Cândido Portinari dialoga com o de Meirelles ao retratar a primeira missa, mas se distância da narrativa daquele quando não coloca os índios na cena da missa. Inicialmente tal atitude do artista parece inovadora por demonstrar que o “descobrimento” só beneficiou os portugueses, entretanto, há que se questionar tal escolha, uma vez que, os povos que habitavam as terras americanas também possuem uma versão deste fato que por muito tempo foi negligenciada pela historiografia oficial e que demonstra que o projeto de nação vencedor nos embates para definir quem é o povo brasileiro foi aquele que suprimiu as minorias, como também cerceou diversos direitos deles.
    Inicialmente as pinturas de Meirelles e Pereira Silva favorecem uma educação patrimonial conservadora, ou seja, que reproduz discursos universalizantes, homogênios, estatal, que dizem respeito apenas a identidade e a memória oficial. E a obra de Portinari promoveria as ações educativas voltadas ao patrimônio de forma progressista, em outras palavras ele permite empregar a visão que favorece a multiplicidade; a preservação dos produtores, dos processos e dos usos dos bens patrimoniais. Os três quadros, contudo, podem ser usados dentro das duas perspectivas dependendo da abordagem que se fará a partir deles. Caso se privilegie elementos que estão dentro do discurso uno de Estado Nacional se estará trabalhando com a primeira perspectiva, mas se debater a formação das narrativas, as escolhas dos elementos representativos da cultura do em detrimento de outros, se estará promovendo e construindo o ensino por meio segunda corrente.

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